Seleção de Distribuidor

Selecione o distribuidor que você deseja usar para seu carrinho de compras.

Distribuidor

O electricista

Os novos armários ITED

Publicado: 22 de fevereiro de 2018 Categoria: Artigos sobre produtos

O presente artigo visa expôr os novos armários de telecomunicações ITED decorrentes da recente alteração legislativa, verificada neste sector em Portugal.

Os novos armários ITED

1INTRODUÇÃO

A satisfação das necessidades e a defesa dos interesses dos consumidores de comunicações electrónicas passa por infra-estruturas de telecomunicações modernas, fiáveis e adaptadas aos serviços disponibilizados pelos operadores de telecomunicações.

A Resolução do Conselho de Ministros N.º 120/2008, de 30 de Julho, definiu como prioridade estratégica para o País no sector das comunicações electrónicas a promoção do investimento em redes de nova geração.

O Decreto-Lei N.º 123/2009 de 21 de Maio e, posteriormente o Decreto- Lei N.º 258/2009 de 25 de Setembro de 2009, veio dar execução à definição do enquadramento aplicável ao desenvolvimento e investimento por parte de investidores ou operadores de comunicações electrónicas em redes de nova geração, mas também para o funcionamento de um mercado que se quer concorrencial.

A 2.ª edição do Manual de Infra-estruturas de Telecomunicações em Edifícios (ITED) veio dar suporte técnico legal aos cumprimentos dos objectivos anteriormente mencionados, sendo significativamente inovador tanto em conceitos de infra-estrutura como em materiais, equipamentos e respectivas especificações, quando comparado com a 1.ª Edição.

Nesta nova edição do Manual verifica-se a clara e presente preocupação de dotar os edifícios de infra-estruturas de telecomunicações capazes de suportar os novos serviços disponibilizados pelos operadores de telecomunicações (Redes de Nova Geração), bem como a adopção e cumprimentos das Novas Normas Europeias.

Assim, assiste-se a um incremento das soluções a adoptar nas instalações, relativamente a três tecnologias obrigatórias:

Par de Cobre

São admitidos apenas cabos de categoria 6 ou 7;

Cabo Coaxial

São admitidos cabos da categoria TCD-C-H, frequência máxima de 3000 MHz;

Fibra Óptica

São admitidos cabos de fibra óptica do tipo monomodo. Assim, os armários ITED: Armário de Telecomunicações Individual (ATI), Armário de Telecomunicações de Edifício (ATE) e a Caixa de Entrada de Moradia Unifamiliar (CEMU) terão de ser projectados e concebidos de forma a suportar todos os equipamentos adaptados e necessários às três diferentes tecnologias, e que assegurem concomitantemente os requisitos funcionais de cada uma delas.

O presente artigo visa expôr os novos armários de telecomunicações ITED decorrentes da recente alteração legislativa, verificada neste sector em Portugal.

2ARMÁRIO DE TELECOMUNICAÇÕES INDIVIDUAL – ATI

Nas redes individuais de cabos é obrigatória a instalação de cabos de par de cobre, cabo coaxial e fibra óptica (no caso de fracções residenciais).

O Armário de Telecomunicações Individual (ATI) que faz fronteira entre a rede colectiva e a rede individual é constituído por três Repartidores de Cliente, designadamente:

› Repartidor de Cliente Par de Cobre – RC-PC;

› Repartidor de Cliente Cabo Coaxial – RC-CC;

› Repartidor de Cliente Fibra Óptica – RC-FO.

Assim, o ATI deverá ser constituído por estes três repartidores de cliente adaptados a cada tecnologia e a cada categoria de desempenho, e deverá ter espaço suficiente para poder albergar no seu interior equipamento activo inerente a essas mesmas tecnologias.

Conforme a secção 2.5.3.2.3 da 2ª Edição do Manual ITED, “…o ATI poderá ser constituído por uma ou duas caixas e pelos dispositivos (activos e passivos), de interligação entre a rede colectiva e a rede individual de cabos. Preferencialmente, o ATI será constituído por um armário bastidor.”

A Figura 1 ilustra a coexistência dos três repartidores de cliente existentes no interior do ATI.

Figura 1 . Repartidores de cliente existentes no ATI.

A adopção de um ATI do tipo bastidor poderá apresentar algumas vantagens práticas, nomeadamente no que se refere à facilidade de instalação e operação. No entanto, e independentemente da solução a adoptar, é necessário dotar os ATI de condições físicas que permitam a colocação de equipamentos que possibilitem a codificação/descodificação e gestão de sinalização de suporte a serviços, distribuindo- os por diferentes áreas.

Coexistirão, assim, de forma associada equipamentos activos, tais como:

Tecnologia par de cobre

Modem DSL, Router, HUB/switch;

Tecnologia cabo coaxial

Modem cabo, Router, HUB/switch;

Tecnologia fibra óptica

Optical Network Terminal” (ONT), Router, HUB/switch.

A Figura 2 ilustra dois diferentes repartidores de cliente existentes nos novos ATI.

A 2.ª Edição do Manual ITED determina que independentemente da solução a adoptar para o dimensionamento do ATI este deverá ter espaço suficiente para albergar no seu interior pelo menos dois equipamentos activos, sendo que o espaço para albergar esse equipamento poderá fazer parte integrante do corpo do ATI ou poderá ser independente. No caso de ser independente poder-se-á prever a existência de uma caixa de apoio ao ATI (CATI), cujas dimensões

deverá ser igual à caixa do ATI. Existirá, pois, uma interligação entre caixas de forma a poder passar a cablagem necessária.

Figura 2 . Exemplos de equipamentos activos a colocar no ATI.

A Figura 3 ilustra um exemplo de uma Caixa de Apoio ao ATI (CATI).

Figura 3 . Exemplo de uma possível solução ATI [Cortesia Quitérios].

A Figura 4 ilustra um exemplo de uma solução de um Armário de Telecomunicações Individual.

Figura 4 . Exemplo de uma solução ATI [Cortesia Teka].

A Figura 5 ilustra um exemplo de solução de um ATI do tipo bastidor, o qual poderá ser utilizado para o sector residencial, comercial ou serviços.

Figura 5 . Solução ATI – Bastidor de parede.

As caixas do ATI deverão, ainda, satisfazer os seguintes requisitos técnicos mínimos:

› Essencialmente não metálicas (exemplo: plástico). Poderão no entanto conter partes metálicas, como por exemplo reforços de estrutura ou painéis para a fixação de tomadas e dispositivos. Todas as partes metálicas, quando existem, deverão ser ligadas ao terminal de terra. As portas poderão abrir da esquerda para a direita ou da direita para a esquerda em função da melhoria de facilidade da sua montagem, bem como nos ensaios a realizar;

› Resistentes à propagação da chama;

› Identificadas com a palavra “Telecomunicações”, marcada de forma indelével na face exterior da porta.

Existe, assim, uma grande flexibilidade na solução de ATI a adoptar pelos projectistas. Desta forma, potencia-se a adopção, por parte do projectista, da melhor solução para cada instalação, quer em termos técnicos, quer em termos económicos, e que corresponda às expectativas geradas pelo dono de obra, garantindo ainda ao utilizador final a exploração das infra-estruturas de telecomunicações em condições de grande qualidade.

 

3ARMÁRIO DE TELECOMUNICAÇÕES DE EDIFÍCIO – ATE

O Armário de Telecomunicações de Edifício (ATE) faz fronteira entre as redes públicas de telecomunicações ou as redes provenientes das Infra-estruturas de Telecomunicações em Loteamentos, Urbanizações e Conjunto de Edifícios (ITUR) com a rede colectiva. Trata-se de um local, espaço ou armário de concentração, interligação e gestão das diferentes redes de cabos de pares de cobre, coaxiais e de fibra óptica.

O ATE faz parte integrante da rede colectiva de tubagens, tem acesso condicionado e é nele que se alojam os Repartidores Gerais (RG) das três tecnologias previstas.

Conforme especificado na 2ª Edição do Manual ITED, os edifícios com dois ou mais fogos deverão ser dotados de um ATE, cabendo ao projectista a decisão da necessidade da existência de dois ATE, um inferior e um superior face às necessidades de acesso aos serviços públicos de comunicações electrónicas bem como à tipologia do edifício.

Genericamente, o ATE inferior deverá alojar os diversos repartidores gerais:

› Repartidor Geral Par de Cobre – RG-PC;

› Repartidor Geral Cabo Coaxial – RG-CC (de CATV);

› Repartidor Geral Fibra Óptica – RG-FO.

Sempre que houver ATE superior, este deverá albergar o Repartidor

Geral Cabo Coaxial – RG-CC (de MATV/SMATV);

O dimensionamento do ATE deverá ter em conta o espaço suficiente para o acesso de, no mínimo de 2 redes de operadores de comunicações electrónicas, por cada uma das três tecnologias.

Ao projectista cabe dimensionar e caracterizar o ATE, em conformidade com as especificidades do edifício, podendo considerar as seguintes possibilidades:

› Armário bastidor;

› Armário único;

› Armário compartimentado ou multi-armário.

No caso do ATE ser do tipo armário bastidor este deverá ter dimensões apropriadas em função da dimensão, características e objectivos desejados para as instalações. O projectista poderá optar por dimensionar o ATE em forma de armário único ou compartimentado.

Conforme especificado na secção 2.5.3.2.1 da 2ª Edição do Manual ITED, para edifícios com mais de 40 fogos o armário único deverá ter como dimensões mínimas 800 x 900 x 200 mm (Altura x Largura xProfundidade).

A Tabela 1 evidencia as dimensões mínimas que o ATE deverá ter quando do tipo multi-armário ou armário compartimentado.

Tabela 1 . Relação entre as dimensões das caixas a utilizar e o número de fogo[Adaptado do Manual ITED 2ª Edição].

A Figura 6 ilustra um exemplo de solução de um ATE (tipicamente ATE – Inferior) constituído por multi-armário ou armário compartimentado, em que há uma separação física entre a tecnologia de fibra óptica e as de par de cobre e cabo coaxial.

Figura 6 . Exemplo de uma solução ATE – Multi-armário [Adaptado do Manual ITED 2.ª Edição].

O ATE superior contém RG-CC, para a rede de cablagem de recepção e distribuição de sinais de radiodifusão sonora e televisiva, no caso de edifícios de dois ou mais fogos.

No ATE devem ser fixados os diversos repartidores gerais, pelo que o seu fundo deverá ser constituído por material apropriado à fixação desses componentes e que não se degrade ao longo do tempo.

Preferencialmente, deverá ser constituído por fundo metálico ou plástico com malha reticulada e perfurada com capacidade de aparafusamento.

A Figura 7 ilustra possíveis soluções para o fundo de um ATE.

Figura 7 . Exemplos de fundos de um ATE [Adaptado do Manual ITED 2ª Edição].

O ATE contém os diversos repartidores gerais adaptados a cada uma das tecnologias obrigatórias:

Repartidor Geral de Pares de Cobre;

Repartidor Geral de Cabo Coaxial;

Repartidor Geral de Fibra Óptica.

Dada a especificidade da tecnologia de fibra óptica, o ATE poderá ter uma área independente para alojar o repartidor geral associado a essa tecnologia.

Conforme ilustrado anteriormente, na Figura 6, o ATE poderá ter um RG-FO independente dos RG-PC e RG-CC. No entanto, e caso seja projectado juntar o RG-PC e RG-CC deverá ser claramente indicado em projecto a acomodação dos equipamentos associados a cada um destes repartidores gerais através de um desenho de pormenor específico.

Repartidor Geral de Pares de Cobre (RG-PC)

O RG-PC é todo o dispositivo que faz a interligação dos cabos de pares de cobre dos diversos operadores, à rede de cabos de pares de cobre do edifício.

Este repartidor geral poderá ser composto por um Primário, onde se vão ligar os cabos de entrada dos vários operadores, cabendo a estes a sua instalação, eventualmente constituído por régua de derivação por cravamento simples com oito condutores utilizáveis, e por um Secundário (previsto pelo projectista ITED), onde se liga a rede do

edifício, eventualmente constituído por conectores de oito condutores do tipo RJ45 e/ou réguas de derivação por cravamento que assegurem a Classe E (como mínimo).

Sempre que necessário poderão existir cordões de interligação entre o Primário e o Secundário, conectorizados para a classe E. As Figuras 9 e 10, adaptadas da 2.ª Edição do Manual ITED ilustram um possível esquema de pormenor de RG-PC.

A figura 8 ilustra um bloco Secundário para ligação de pares de cobre de ligação Classe E.

Figura 8 . Exemplo de unidades modulares par de cobre classe E [Cortesia Brand Rex].

Repartidor Geral de Cabos Coaxiais (RG-CC)

O RG-CC é todo o dispositivo que faz a interligação dos cabos coaxiais dos diversos operadores, à rede de distribuição em cabo coaxial do edifício. É no RG-CC que se inicia a rede de cabos coaxiais do edifício, num repartidor, numa união para interligação ou num amplificador.

Figura 9 . Exemplo de esquema de ligação de pares de cobre do primário e secundário do ATE com um andar de bloco de ligação classe E [Adaptado do Manual ITED 2.ª Edição].

Figura 10 . Exemplo de esquema de ligação de pares de cobre do primário e secundário do ATE com dois andares de blocos de ligação classe E [Adaptado do Manual ITED 2.ª Edição].

A 2.ª Edição do Manual ITED prevê que nos edifícios com 2 ou mais fogos deverá existir dois RG-CC, estando um normalmente localizado no ATE superior com distribuição descendente (associado a MATV ou SMATV), e outro no ATE inferior com distribuição em estrela (associado a CATV).

A Figura 11 ilustra um possível exemplo de um RG-CC (de CATV) com disponibilidade para 16 saídas e entrada de dois operadores distintos.

Figura 11 . Exemplo do RG-CC a colocar no ATE-Inferior [Cortesia Televes].

Repartidor Geral de Cabos de FO (RG-FO)

A 2.ª Edição do Manual ITED prevê a obrigatoriedade de dotar as instalações com fibra óptica.

Com efeito, para cada fogo dever-se-á prever 2 fibras ópticas, pelo que o RG-FO deve ser projectado (ao nível do secundário) com uma estrutura de acopladores de fibra óptica para ligar cada fracção autónoma.

A topologia da cablagem em fibra óptica de uma rede colectiva de cabos, e á semelhança da rede colectiva de cabos de par de cobre e coaxial (CATV) deverá ser em estrela, caso seja projectado um cabo “drop”.

No entanto o projectista poderá prever a instalação de uma coluna “riser” com ou sem pré-conectorização ou, ainda, um cabo de coluna sem pré-conecterização em que será executada a fusão das fibras a “pigtail” ou a sua ligação mecânica.

Por questões expressamente de segurança o acesso ao RG-FO, tanto primário (operadores) como secundário deverá ser condicionado.

Dada a especificidade e fragilidade dos componentes associados à tecnologia da fibra óptica, os operadores podem optar por se instalar

no RG-FO com uma caixa própria fechada que assegure a sua componente do primário do RG-FO e se interligue aos acopladores de FO do Secundário do RG-FO por cordões de interligação ópticos.

As Figuras 12 e 13 ilustram possíveis soluções a adoptar para a instalação de repartidores gerais de fibra óptica.

A 2.ª Edição do Manual ITED especifica que o ATE deverá conter, obrigatoriamente, um barramento de terras, onde se vão ligar as terras de protecção das infra-estruturas de telecomunicações. Este barramento (barramento geral de terras das ITED - BGT) será por sua vez interligado ao barramento geral de terras do edifício.

Figura 12 . Caixas próprias para o RG-FO [Cortesia Corning].

Figura 13 . Exemplo de caixas tipo para o RG-FO e respectivas interligações [Cortesia Corning].

Determina, ainda, que quer o ATE inferior quer o ATE superior deverão disponibilizar circuitos de energia 230 V AC, 50 Hz, para fazer face às necessidades de alimentação eléctrica, devendo ser disponibilizados um circuito com 4 tomadas com terra, do tipo schuko. Os circuitos de tomadas deverão estar protegidos por um aparelho de corte automático, sensível à corrente diferencial residual, de elevada sensibilidade e imunizado (de forma a evitar disparos intempestivos), localizado no quadro eléctrico de origem do circuito .

Um outro aspecto importante, referenciado na 2ª Edição do Manual ITED, relativo aos aspectos construtivos dos ATE, diz respeito à necessidade de previsão de condições de arrefecimento destes espaços, preferencialmente por convecção, imposta pela existência nestes espaços de equipamentos activos, que libertam calor durante o seu funcionamento.

4CONCLUSÕES

Com a elaboração do presente artigo pretendeu-se contribuir, embora de uma forma sucinta, para o enriquecimento do conhecimento e das competências no âmbito dos armários ITED, à luz do novo enquadramento criado pela 2.ª Edição do Manual de Infra-estruturas de Telecomunicações em Edifícios, não dispensado, naturalmente, uma consulta detalhada e rigorosa do documento integral.

Foi, realizada uma abordagem técnica, regulamentar e tecnológica sobre os Armários de Telecomunicações Individual e Armários de Telecomunicações de Edifício, salientados os aspectos principais de projecto determinados pela 2.ª Edição do Manual de Infra-estruturas de Telecomunicações em Edifícios (ITED).

António Gomes, Roque Brandão, Sérgio Ramos
Departamento de Engenharia Electrotécnica
Instituto Superior de Engenharia do Porto