Associada ao conceito de comando e controlo dos diversos níveis de conforto em casa, a palavra “Domótica” ou “Casa Inteligente” passou a fazer parte do vocabulário do português moderno. Mas como é que se consegue tornar uma casa inteligente?

Um termóstato que liga um aquecedor, um atendedor de chamadas que grava uma mensagem quando ninguém está em casa ou um vídeo que começa a gravar à hora programada, são alguns dos automatismos já disponíveis na maioria das casas, para as pessoas aumentarem o seu conforto e bem-estar.
No entanto, estes automatismos não são nada, comparados com aquilo que já é possível dispor para se optimizar o conforto, aumentando significativamente o bem estar e diminuindo o esforço (físico e financeiro), salvaguardando-se ao mesmo tempo aspectos cada vez mais imprescindíveis como o da segurança e das comunicações, caminhando-se cada vez mais ao encontro dos conceitos fundamentais da: Domótica.
O que é a Domótica?
Por definição, automação refere-se a um sistema ou método pelo qual é possível realizar e controlar eventos sem um pensamento consciente. A automação doméstica (domótica), ou a Casa Inteligente, usa esses princípios aplicados à habitação particular e colectiva.
Tornar uma casa inteligente significa instalar sistemas electrónicos capazes de substituir inúmeras operações manuais, mediante determinadas condições lógicas. Esses sistemas devem “decidir” acções automáticas que se traduzem em acções particularmente úteis, do ponto de vista de segurança e conforto na habitação.
Com a evolução da electrónica e a gradual sofisticação dos sistemas de alarme, os autómatos dedicados a funções de segurança passaram a integrar funções complementares quer ao nível da sua programação, com rotinas de lógica, quer ao nível do “hardware”, como actuar saídas de relé e “aceitar” interfaces de comando com protocolos específicos de domótica.
A evolução “natural” destes sistemas electrónicos veio proporcionar combinações interessantes e economias de escala significativas ao nível da cablagem, mão-de-obra da instalação e programação e dos equipamentos envolvidos.
Segurança electrónica | A estrutura de base da Domótica…
Hoje um sistema de segurança além da detecção de intrusão, pode perfeitamente integrar a função de controlo de acessos de uma ou mais portas, com cartão e/ou etiquetas de proximidade, detecção de incêndio, detecção e fugas de gás, corte automático do gás e/ou água em caso de alarme técnico, accionamento automático de circuitos de iluminação (quer por programação horária, quer por detecção de presença coincidente com falta de luz), acionamento de aparelhos (termoacumulador, bomba de água, radiadores eléctricos, estores motorizados, entre outros).
Para o cliente (utilizador) esta evolução tornou exequível determinadas aplicações e acessíveis os seus consequentes benefícios que, de outra forma, quer por uma questão de custos, quer de oportunidade de instalação, estariam totalmente fora de questão.
Assim, quem decide a compra passou a ter a capacidade de compreender além da necessidade de determinados sistemas electrónicos, a sua utilidade na conjectura do seu bem-estar doméstico e da sua relativa facilidade de utilização diária.
Por outro lado, o cliente (utilizador) passou também a ter a capacidade de avaliar o seu “custo/ benefício”, pela credibilidade e economias de escala que representa ter numa só entidade, a venda, instalação e assistência aos sistemas integrados instalados. Recorrer a entidades separadas para cada uma das áreas técnicas que compõem a Domótica, torna qualquer orçamento caríssimo e muito complicado quer de instalar, quer de manter.
Com a integração nos sistemas de alarme de funções complementares, passou a ser possível desenvolver uma abordagem técnico/ comercial diferente e diferenciada no mercado específico da segurança electrónica.
Passou-se a diferenciar as propostas por áreas de aplicação (vivendas, apartamentos, lojas, escritórios, entre outros) e a integrar nelas, soluções técnicas especiais, com valor acrescentado especificamente para cada delas.
Por exemplo nas vivendas, passou a fazer sentido pensar-se num ou mais circuitos de iluminação de segurança, a serem comandados pelo sistema de alarme, conforme as situações, a instalar-se uma electroválvula de gás e de água e integrar os alarmes técnicos na alarmística do sistema, assim como dotar determinados detectores de movimento de uma dupla funcionalidade: de segurança se o alarme estiver ligado e de detecção de presença para o acionamento automático de uma luz ou grupo de luzes, se o nível de luminosidade não for suficiente e for detectado movimento no local.
O desenvolvimento das telecomunicações, quer móveis quer fixas, veio também proporcionar novas formas de interagir com os sistemas de alarme e consequentemente com os restantes sistemas integrados.
Assim passou a ser “banal” usar um telemóvel para ligar/desligar um alarme remotamente, assim como accionar uma saída do alarme para executar uma função complementar. O custo implícito nesta acção complementar é irrisório, pois aproveita todos os componentes do alarme (comunicador telefónico, automatismo de comando, e outros) e até a sua forma de utilização.
Sistemas que acendem as luzes assim que o dia começa a escurecer proporcionam conforto, mas também segurança, uma vez que deixa a impressão de que a casa parece ocupada. Se não quiser deixar nenhuma margem de dúvida na mente do ladrão, poderá até instalar um sistema de simulação de presença.
Esta tecnologia fará com que, aleatoriamente, as luzes se apaguem e acendam em quartos diferentes e que os estores desçam e subam, como se estivesse gente em casa.
Ao nível do reporte automático das ocorrências passou a ser possível todas as formas de reporte, podendo o sistema aferir qual o meio que deve utilizar, mediante a sua disponibilidade, ou seja, pode por exemplo tentar primeiro comunicar por telefone (analógico ou ADSL) e caso a linha esteja cortada, comutar automaticamente para GSM e assim garantir que o sinal de alarme chega ao seu destinatário.
Como reporte alternativo e/ou complementar, pode também enviar uma mensagem para um endereço de email e incluir as imagens de uma câmara associada ao espaço em alarme.

A componente da segurança electrónica na domótica…
Assim a base de um sistema de segurança doméstica avançado passou a ser uma central de Domótica, capaz de comandar centenas de pontos, estando preparado para receber e enviar ordens para comandar qualquer grupo de luzes (jardim, fachada, e/ ou circuitos de iluminação de segurança) e/ou aparelhos (ar-condicionado, aquecimento central, bomba de água, portão de garagem, entre outros).
A comunicação para qualquer dos pontos a comandar pode ser feita por cabo (BUS de comunicações próprio) e também pela rede eléctrica já existente, o que torna estas soluções muito interessantes para casas já construídas, uma vez que não é preciso partir paredes nem passar cabos para pôr em prática a maior parte das soluções pretendidas.
É por isso que na actual conjectura do ramo da construção, a Domótica surge como o maior e melhor valor acrescentado das promoções imobiliárias, sendo as soluções dimensionadas e custeadas mediante o alvo pretendido, tal como acontece com outros ramos de actividade comercial.
Com especial aplicação justificada nas vivendas, a Domótica aplica-se “à escala” em apartamentos, pequenos escritórios e lojas, sendo inúmeras as hipóteses de escolha, não só ao nível das marcas como também no grau de integração e interacção entre sistemas.
Tecnicamente, desde o cão electrónico ao comando das principais funções na casa via mensagens escritas de um telemóvel, “quase tudo” é possível. É evidente que quem decide é o cliente e deve ser o projectista o primeiro a “abrir” o campo das hipóteses ao seu cliente. Por sua vez o projectista deve ter ligado a si uma empresa que seja capaz de propor e viabilizar tecnicamente as soluções a instalar.

A “vontade” do cliente é moldada pelo projectista e assessorada pela empresa integradora dos sistemas, que globaliza e integra as soluções, não perdendo de vista a aceitação do nível de sofisticação, por parte do cliente, uma vez que é ele (e o seu agregado familiar) que deverá interagir diariamente com os diversos sistemas.
O facto por si só de uma “casa inteligente” resultar da integração de várias empreitadas técnicas (domótica), representa significativas economias de escala quer ao nível do equipamento, quer ao nível da mão-de-obra da sua instalação, que se reflectirão no valor dos orçamentos a apresentar.
Por outro lado, o dono de obra beneficia logo à partida pelo facto de ter um único interlocutor para as instalações técnicas especiais, o que facilita o controlo e a gestão dos trabalhos, assim como a posterior assistência técnica pós-venda ao cliente final.
Será que pode existir conforto sem segurança?...
Eis algumas das funcionalidades das principais instalações técnicas especiais que integram a área da Domótica:
- A bifuncionalidade dos detectores de presença (de segurança, quando o alarme está ligado e de iluminação, quando o alarme está desligado);
- O controlo automático das luzes exteriores: o circuito de iluminação de decoração da vivenda e os circuitos de iluminação de segurança;
- A simulação de presença;
- Os alarmes técnicos (gás, água e fogo) com corte automático do circuito de gás e/ou de água;
- O telecomando integrado dos aparelhos de TV, vídeo e Hi-Fi, luzes (candeeiros, focos) e aparelhos (como por exemplo: estores motorizados);
- O reporte automático de determinados eventos para vários números de telefone fixo e/ ou móvel;
- As tele-acções por telefone e/ ou telemóvel (accionar ou desligar remotamente o alarme, aquecimento ou o ar-condicionado, a rega ou um grupo gerador);
- A ligação parcial do alarme (para permitir circular em casa com os principais acessos protegidos);
- O circuito fechado de câmaras de vídeo vigilância (e a sua interligação ao circuito de TV).

Bem-vindo ao formidável mundo da Domótica…

AUTOR: Alexandre Chamusca | Consultor Soluções Técnicas Integradas