Para que os investidores, operadores e ocupantes possam usufruir na plenitude dos edifícios, estes devem satisfazer requisitos arquitectónicos, funcionais, ecológicos, de segurança e económicos. A utilização e o fim a que se destina cada edifício determinam a instalação e implementação de diferentes medidas de protecção e segurança, de forma a assegurar e controlar os aspectos de segurança das instalações, equipamentos e ocupantes.
Um edifício recebendo público, por exemplo, tem exigências de protecção e segurança muito diferentes das de um edifício habitacional ou edifício industrial.
Independentemente do risco ou complexidade de cada instalação, deverão ser estudados, desenvolvidos e implementados sistemas de protecção e segurança, capazes de garantir o conforto e a segurança dos ocupantes e a protecção de bens.
A principal componente da segurança em edifícios é a segurança contra incêndios, nas suas vertentes de redução e protecção do risco. No entanto, esta não é única componente, sendo outras a segurança contra intrusão, controlo de acessos, videovigilância e alarmes técnicos.
A implementação de sistemas integrados de protecção e segurança, baseados em sistemas coerentes de detecção e extinção de incêndios, detecção de gases combustíveis e monóxido de carbono, evacuação de emergência, alarme contra roubo e intrusão, controlo de acessos, vídeo vigilância por circuito fechado de televisão, gestão de alarmes técnicos e gestão técnica centralizada, é um aspecto fundamental na segurança de edifícios.
1› Segurança Contra Incêndio
A protecção e segurança contra incêndio é a principal, mais complexa e exigente componente de segurança nos edifícios. A segurança contra incêndio em edifícios está pelo Decreto-Lei n.º 220/2008, de 12 de Novembro, que aprovou o regime jurídico de Segurança Contra Incêndio em Edifícios (SCIE), regulamentada pelo Regulamento Geral de Segurança Contra Incêndio em Edifícios (RG-SCIE), publicado pela Portaria 1532/2008, de 29 de Dezembro.
Os aspectos principais de segurança contra incêndio em edifícios são a correcta selecção e definição da resistência ao fogo dos elementos de construção e da reacção ao fogo dos materiais, a garantia de evacuação em caso de alarme, sinalização e iluminação de segurança, a definição de equipamentos e sistemas de segurança nomeadamente sistemas de detecção, alarme e alerta de incêndio, sistemas de detecção de gases, sistemas de extinção, sistemas de controlo de fumo e meios de primeira intervenção em caso de incêndio. Um outro aspecto importante é a gestão das instalações técnicas, nomeadamente as instalações de energia eléctrica, de aquecimento, ventilação e condicionamento de ar, ascensores, instalações de armazenamento e utilização de líquidos e gases combustíveis.
A Portaria n.º 64/2009, de 22 de Janeiro, estabelece o regime de credenciação de entidades para a emissão de pareceres, realização de vistorias e de inspecções das condições de Segurança Contra Incêndio em Edifícios (SCIE). A figura 1.1 apresenta a arquitectura geral de um sistema automático de detecção de incêndio.

Figura 1.1 . Arquitectura de um Sistema Automático de Detecção de Incêndio.
2› Segurança Contra Intrusão
A instalação de Sistemas Automáticos de Detecção de Intrusão encontra-se generalizada, no sector residencial, comércio, serviços e industria, motivado, por um lado, pela necessidade de proceder à protecção de pessoas e bens e, por outro, pelo elevado grau de fiabilidade, confiabilidade e baixo preço destes sistemas.
A instalação dos sistemas de segurança contra intrusão não pode ser olhado apenas numa perspectiva puramente monetária, pois aquando de um assalto, além do roubo e/ou vandalismo de bens de elevado valor comercial, pode ocorrer também o roubo e/ou vandalismo de bens de baixo valor comercial, mas de elevado valor sentimental, cuja perda um seguro contra furtos não cobre, bem como podem também ocorrer danos físicos e/ou psicológicos nos ocupantes das instalações.
Um sistema automático de detecção de intrusão é um equipamento ou conjunto de equipamentos integrados entre si, com o intuito de vigiar determinado espaço e que, em caso de intrusão (tentativa de entrada concretizada ou não), accione meios sonoros (Sirene), luminosos (Flash) ou ainda electrónicos (Comunicadores Telefónicos, ligados ou não a Centrais de Recepção de Alarmes, etc), com vista à dissuasão dos actores do acto.
A figura 2.1 apresenta a arquitectura geral de um sistema automático de detecção de intrusão.

Figura 2.1 . Arquitectura de um Sistema Automático de Detecção de Intrusão.
3› Controlo de Acessos
O controlo de acessos é um elemento complementar mas fulcral de qualquer sistema integrado de segurança. A sua base de funcionamento é a abertura de portas apenas a utilizadores autorizados, podendo o acesso ser permitido ou negado de acordo com parâmetros pré-ajustados, tais como locais de acessos, horários de acesso, ...
O sistema de controlo de acessos pode ser interligado a sistemas de detecção de intrusão e sistemas de circuito fechado de televisão, complementando o funcionamento destes sistemas.
As principais vantagens dos sistemas de controlo de acessos são a segurança, fiabilidade, flexibilidade, conforto e a possibilidade de integração com outros sistemas através de sistemas de gestão técnica centralizada.
As funções principais dos sistemas de controlo de acessos são:
- Definição de áreas de acesso
- Definição de direitos de acesso por área
- Definição de horários de acesso
- Seguimento e localização de pessoas
- Registo automático de entradas e saídas de pessoas
- Limitação de acesso a viaturas a locais determinados em função das suas atribuições e do horário
- Alarme em caso de entrada forçada em zonas com acesso condicionado
A figura 3.1 apresenta a arquitectura geral de um sistema de controlo de acessos.

Figura 3.1 . Arquitectura de um Sistema de Controlo de Acessos
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4› Videovigilância
Cada vez é maior o recurso à videovigilância através de sistemas de circuitos fechados de televisão (Closed Circuit Television – CCTV), quer como elementos isolados de vigilância, quer como elementos de complemento da vigilância humana.
Embora existam dispositivos pertencentes ao CCTV que podem fazer a detecção de intrusão, os sistemas de CCTV, não são habitualmente designados de sistemas de segurança, mas antes sistemas de vigilância. Não têm por isso uma missão de vigilância com detecção automática, mas sim a vigilância de suporte para intervenção humana.
Além de uma vigilância em tempo real, os sistemas de CCTV permitem a gravação e arquivo de imagens, que posteriormente poderão ser consultadas.
A estrutura geral de um sistema de CCTV pode ser dividida em quatro grupos principais:
Recolha de imagem
Corresponde às unidades que fazem a transformação do sinal óptico (imagem) em sinal eléctrico. É constituída pelos elementos de conversão da zona visualizada num sinal de vídeo. É composto pelas câmaras, lentes, suportes e housings.
Transmissão do sinal
Responsável pelo transporte do sinal recolhido pelo grupo anterior, até à zona de visua¬lização, sendo constituído pelos elementos de interligação dos sistemas de aquisição de imagem, sistemas de controle e comandos e monitorização de imagem. A transmissão do sinal pode ser realizada por cabo coaxial, par troçado, fibra-óptica ou micro-ondas.
Processamento do sinal, controle e comando e gravação da imagem
Constituído pelo conjunto de equipamentos responsáveis pelo processamento e visualização da imagem proveniente do grupo de recolha e pelas unidades que executam comandos no sistema, e que fazem selecção e comutação de imagem, bem como pelo elemento responsável pela gravação da imagem.
Monitorizarão da Imagem
Constituído pelos equipamentos de recepção do sinal de vídeo, que voltam a fazer a transformação do sinal eléctrico em sinal óptico, observável pelo olho humano e que permite a visualização das imagens.
5› Alarmes técnicos
A gestão de equipamentos terminais, quadros eléctricos e seus componentes, como sejam os sistemas de iluminação, sistemas de aquecimento, ventilação e ar condicionado, sistemas de detecção e controlo de inundação, sistemas de bombagem e sistemas de elevação e a sua integração com os sistemas de segurança atrás descritos, é outro aspecto extremamente importante na garantia da segurança dos edifícios e dos seus ocupantes.
6› Gestão Técnica
A recepção e o manuseamento das enormes quantidades de informação provenientes dos diversos sistemas de segurança anteriormente descritos é uma tarefa extremamente complicada e consumidora de tempo e recursos.
Os sistemas de gestão técnica centralizada são sistemas dotados de interface e software adequados, que permitem a integração das diversas valência de segurança nos edifícios, num único sistema.
A gestão da informação resultante dos diversos sistemas de segurança é realizada de uma forma integrada e centralizada, permitindo, além da tomada de conhecimentos dos eventos de cada sistema, a actuação sobre os mesmos, a definição de prioridades de alarme, em relação a outro tipo de eventos, como por exemplo, avarias e mudanças de estado. Permite, também, a criação de rotinas para a gestão da informação e especificação de procedimentos de resposta ao conteúdo da mesma.
Os sistemas de gestão técnica centralizada possibilitam ainda a duplicação de postos de segurança locais e a monitorização e controlo à distância. A figura 6.1 apresenta a integração de valências num sistema de gestão técnica centralizada.

Figura 6.1 . Integração de valências num sistema de gestão técnica centralizada.
A gestão técnica centralizada de edifícios incrementa a segurança das instalações e ocupantes, assim como promove a melhoria dos resultados de exploração dos edifícios, potenciando o aumento dos níveis de satisfação dos utilizadores (ocupantes).
Um outro aspecto importante potenciado pelos sistemas de gestão técnica é a possibilidade de integração de funcionalidades de utilização racional de energia, de eficiência energética e de gestão da manutenção das instalações, sistemas e equipamentos.
Assim, para além do reforço da segurança das pessoas, instalações e bens, a gestão técnica centralizada, permite uma gestão mais racional e eficiente das instalações, que se traduz em economias de energia e custos de exploração e manutenção das instalações mais reduzidos.
AUTOR: António Gomes e Sérgio Ramos, Instituto Superior de Engenharia do Porto