O aumento do custo da energia tornou-se uma séria preocupação para os grandes utilizadores de energia, nomeadamente para os proprietários de centros de dados. Muitos enfrentam um futuro incerto, sem saber se os preços vão continuar a subir, se vão repercutir o custo nos seus clientes, ou sequer se têm cashflow necessário para gerir a situação.

Esta falta de certezas está a afetar a capacidade de investimento em infraestruturas e trouxe à tona a necessidade urgente de maior eficiência – exige-se que os centros de dados minimizem a quantidade de energia que utilizam, e que acelerem a transição para fontes de energia renováveis. No entanto, prevê-se que o volume de todos os dados gerados e consumidos nestas instalações a nível mundial aumente 61% ao ano, atingindo 175 zettabytes em 2030. Isto significa que a quantidade de eletricidade necessária para gerir esta quantidade de dados aumentará 400% até 2030, o que é realmente preocupante, tendo em conta que os centros de dados já representam 3% do consumo global de eletricidade.
Investir em energias renováveis
Empresas de todas as dimensões em toda a Europa estão a explorar as energias renováveis em diferentes graus. Em Portugal, entre 1 de janeiro e 30 de abril de 2023 foram gerados 15 826 GWh de eletricidade em Portugal Continental, dos quais 74,3 % tiveram origem renovável. O Ministro do Ambiente e Ação Climática, Duarte Cordeiro, afirmou que as intenções de investimento em energias renováveis em Portugal ascendem a 60 mil milhões de euros, o que representa 25% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, e que o objetivo é chegar ao final da legislatura com 80% da eletricidade produzida por fontes renováveis.
A Islândia, por exemplo, utiliza predominantemente as energias renováveis. Os biocombustíveis e os resíduos constituem uma parte considerável do cabaz energético da Letónia e a Noruega beneficia de um excedente de energia hidroelétrica. Por outro lado, as energias renováveis representam apenas 8% do abastecimento energético dos Países Baixos. Independentemente desta disparidade regional, a transição está, sem dúvida, em curso em todos os sectores e economias.
As organizações estão também a começar a adotar novas arquiteturas, como o armazenamento de energia e a produção local de energia primária, para reduzir a dependência e permitir uma maior resiliência. Isto pode reduzir a pressão e a procura na rede e ajudar a atenuar as flutuações no mercado energético atualmente volátil.
A expansão da Microsoft para os seus data centers de Dublin, por exemplo, contará com produção de energia primária e bancos de baterias de iões de lítio aprovados para interação especial com a rede. Esta interação fornece serviços auxiliares à rede para permitem fazer face a fontes variáveis como a energia eólica "onshore" e "offshore", a energia solar e outras energias renováveis que alimentam cada vez mais a rede.
E no sector tecnológico, inspirado pelos grandes fornecedores de serviços de computação na cloud, um número crescente de organizações está a explorar o mercado ativo dos contratos de aquisição de energia (CAE), que lhes permite adquirir energia verde ao mesmo tempo que se envolvem diretamente no investimento em tecnologias renováveis da próxima geração.
Devolver à rede
Um componente crítico no centro de dados é a fonte de alimentação ininterrupta (UPS). Este extenso sistema de energia de reserva assegura a qualidade da energia e protege o centro de dados contra falhas imprevistas na rede elétrica. Esse mesmo armazenamento de energia pode agora ser usado para fornecer serviços auxiliares de energia de volta à rede quando necessário, sem afetar o desempenho ou a integridade do centro de dados. A UPS Eaton EnergyAware é um desses sistemas e já foi implementada em vários centros de dados para uma classe de serviço chamada Fast Frequency Response (FFR).
A implementação destes serviços nos centros de dados vai permitir integrar níveis cada vez maiores de energia renovável e acelerar a transição. Este facto, associado à crise energética, pode também promover uma relação de maior colaboração entre os produtores, os operadores de rede e os grandes utilizadores de energia.
Enquanto grande utilizador de energia, a indústria dos centros de dados é muito afetada pela crise do custo da energia. Para fazer face ao seu impacto nos proprietários dos centros de dados e nos seus clientes é necessário um maior foco na transição para as energias renováveis,
e na forma como a infraestrutura existente pode ser utilizada para melhorar a eficiência e a resiliência e para ajudar a estabilizar a rede.