Estatísticas apontam para um aumento da procura de soluções electrónicas de segurança para habitações na Europa. Saber que tipo de sensores electrónicos podem compor um sistema electrónico de segurança, como funcionam e objectivamente para que servem, é fundamental para quem os compra poder avaliar o seu grau de eficácia. É essa análise que nos propomos fazer para os principais tipos de sensores que podem integrar qualquer alarme, de qualquer marca e/ou modelo.


SENSORES DE ABERTURA DE PORTAS E/OU JANELAS
Os sensores de portas e janelas mais comuns são os contactos magnéticos (duas peças) que indicam se a porta ou janela está aberta ou fechada. Estes contactos são instalados, uma parte na porta ou janela e a outra parte na ombreira da porta ou janela.
Quando a porta está fechada, os dois elementos (ímans) estão alinhados. Quando os ímans não estão alinhados, a porta está aberta. Quando o alarme está ligado e os contactos alinhados, não há interrupção da ligação (existe um curto-circuito entre os dois contactos), pelo que o alarme se mantém em silêncio. Quando essa ligação é interrompida, o alarme toca.
CONTACTOS MAGNÉTICOS BALANCEADOS
Devido à facilidade de sabotagem de um contacto magnético (por exemplo recorrendo a um simples íman), existem contactos magnéticos balanceados, que além do simples contacto entre dois magnetos têm, no seu interior, um contacto aberto que se fechará caso se aproxime um campo magnético externo (aproximação de um íman).
- Princípio de funcionamento:
Quando a porta está fechada o campo magnético entre os dois ímanes dos contactos está fechado e o segundo contacto aberto. Quando a porta se abre ou se aproxima um campo magnético externo, o segundo contacto fecha-se sobre um dos magnetos, gerando um sinal de alarme.
Figura 1 ∙ Contacto magnético balanceado.
SENSORES DE QUEBRA DE VIDRO
Os sensores de vibração e de choque actuam se o intruso parte o vidro para entrar (em vez de abrir a janela). Os sensores de pressão são os mais baratos e instalam-se colando-os directamente ao vidro a proteger. Para controlar várias janelas, é possível escolher sensores que detectam o som de vidro a partir. Estes sofisticados sensores (geralmente incluem um microprocessador) distinguem os sons com frequências similares ao quebrar do vidro (chocalhar de chaves, brinquedos, ladrar de cães, etc.). Uns por análise de pontos de frequência específicos no som do vidro a partir, outros pelo processamento de frequências no som que ocorre imediatamente depois do impacto no vidro, mas antes dele partir.
Figura 2 ∙ Sensor de quebra de vidros.
No sentido de optimizar a instalação, os detectores de choque são usualmente instalados juntamente com sensores de vibração.
SENSORES DE MOVIMENTO
Os detectores de movimento constituem um segundo nível de protecção. Assim que detectam movimentos numa determinada área protegida, fazem tocar o alarme. Os PIR (Passive Infrared Detector) são os mais comuns em instalações do tipo residencial.
Os PIR detectam a energia infravermelha radiada pelo corpo do intruso ao entrar numa zona protegida. Dado que podem reagir a outras fontes de calor como: animais, luz do sol e até correntes de ar, este tipo de sensores não funciona bem fora de casa (neste caso, os ideais são os que usam a detecção por microondas). Mesmo dentro de casa, a instalação dos PIR requer alguns cuidados:
- Não os virar para fontes de calor, ventoinhas, ar-condicionados, janelas expostas ao sol ou locais com variações bruscas de temperatura;
- Direccioná-los para locais de passagem que o intruso eventualmente possa utilizar;
- Direccioná-los acima da altura de um animal doméstico;
- Ter em conta o raio de cobertura do sensor por forma a garantir a protecção de toda a zona.
Em áreas como cozinhas e garagens, onde as temperaturas flutuam bruscamente, escolha detectores que combinem a tecnologia PIR e as microondas. Enquanto os detectores PIR detectam o calor infravermelho, os detectores por microondas detectam cortes no feixe de emissões de ondas de altas frequências, provocadas pela intromissão de uma pessoa no seu campo de acção.
Ao contrário dos PIR, os detectores por microondas não são sensíveis a correntes de ar, no entanto, podem criar falsos alarmes por reflectir em superfícies metálicas ou ainda reagir a movimentos fora da área a proteger, uma vez que as ondas de rádio-frequência atravessam paredes. Escolher os sensores indicados para os diferentes locais é essencial para garantir uma boa eficácia do sistema de segurança.
Exemplo de detectores PIR de cortina:
Figura 3 ∙ Detector infra-vermelho passivo.
Características:
- Alcance 10 m
- 5 cortinas
- Bloco óptico selado
O que é um detector de cortina?
Figura 4 ∙ Detector de cortina – esquema de funcionamento.
Independentemente do ponto onde o intruso entre na cortina, 100% do alvo é visto e o máximo de energia é recolhido ( Elevada eficiência / excelente sinal: relação de ruído).
O alcance pode ser reduzido em pequenas áreas sem compromisso.
Nota: pequenos animais surgem com uma pequena % no ângulo de visão da cortina.
O que é um detector de feixes?
Figura 5 ∙ Detector de feixes – esquema de funcionamento.
Apenas partes do alvo são vistos em cada feixe. O alvo não é visto no seu todo, perdendo-se alguma energia.
O alcance não pode ser reduzido em pequenos espaços sem redução de detecção nos feixes junto ao detector.
Nota: pequenos animais surgem com uma larga % em cada beam.
DETECTORES DE DUPLA TECNOLOGIA (PIR + MICRO-ONDAS)
Uma forma de evitar os falsos alarmes é integrar no mesmo detector duas tecnologias: a detecção de fontes de calor + detecção de movimento. O alarme só irá disparar se as duas tecnologias forem activadas ao mesmo tempo.
Figura 6 ∙ Detector de dupla tecnologia.
BARREIRAS DE FEIXES INFRAVERMELHOS ACTIVOS
Figura 7 ∙ Barreira de feixes – esquema de funcionamento.
O sistema é composto por um emissor e um receptor.
O emissor converte energia eléctrica em energia infravermelha modulada em frequência e emite um feixe criando uma barreira invisível entre dois pontos que, uma vez recebido no receptor, volta a ser convertido num sinal eléctrico.
O sistema reage a mudanças na modulação dessa frequência ou à interrupção da recepção dessa energia e gera um sinal de alarme. A passagem de uma pessoa entre esses dois pontos gera essa alteração temporária no sinal recebido que o sistema interpreta como uma intrusão.
CONCLUSÃO
Tomar-se consciência do nível de exposição ao risco pessoal, familiar e profissional, ajuda a avaliar as medidas de segurança que se devem tomar para reduzir essa mesma exposição ao risco. O objectivo deve ser dissuadir quem queira intentar contra os nossos interesses e conseguir interromper quem o tente. Para isso servem os equipamentos electrónicos de segurança e alguns cuidados básicos de segurança pessoal.
Para um profissional do ramo da segurança, os sofisticados alarmes não são novidade e são frequentemente integrados em soluções de alta segurança onde os fins a que se destinam justificam amplamente os meios aplicados, mas para qualquer membro comum da sociedade, existem soluções mais simples e especificamente desenvolvidas para o mercado doméstico, para ser utilizado por qualquer pessoa, sem especiais requisitos de formação técnica para o efeito. Mais do que achar “piada” aos aparentes “gadjets”, é importante perceber a que aplicações é que eles se destinam e até que ponto eles podem vir a ser eficazes na interrupção de uma situação de risco pessoal, familiar e/ou profissional. Quem não fizer esta análise e não ponderar se faz sentido ou não poder vir a ser um utilizador dum equipamento e/ou serviço de segurança, poderá vir a lamentá-lo um dia mais tarde, se e quando for confrontado com uma ameaça não tiver à sua disposição qualquer meio de dissuasão.
Na vida, quem melhor estiver prevenido, mais hipóteses tem de ter sucesso. Na segurança, quem melhor estiver preparado, mais hipóteses terá de sair ileso de uma situação de risco.
Alexandre Chamusca
Engenheiro, Consultor Soluções Integradas de Segurança
NOTA: artigo adaptado do livro técnico do mesmo autor “A inteligência que se instala”, editado pela Ordem dos Engenheiros.