Encravamento das Instalações Eléctricas – Princípios Básicos

1. OBJECTIVOS E TIPOS DE ENCRAVAMENTOS

Para evitar a realização de falsas manobras nas instalações eléctricas, isto é, manobras que, sendo realizadas, podem originar a destruição do equipamento e/ou por em risco a segurança dos trabalhadores e de toda a instalação, ou evitar o acesso dos trabalhadores a zonas onde existam peças acessíveis em tensão, são utilizados encravamentos.

Os encravamentos podem ser eléctricos, mecânicos ou uma combinação de ambos.

São exemplos de falsas manobras a operação de seccionadores em carga, a ligação à terra, através de um seccionador de terra, de uma instalação em tensão, o paralelo não autorizado de transformadores (o que originará um aumento da corrente de curto-circuito da instalação, que não está preparada para tal) e o paralelo entre uma rede pública e um grupo gerador de emergência.

Cabe aqui referir que nas baterias de condensadores instaladas numa cela de rede, a porta de acesso da rede de vedação da bateria de condensadores dispõe de um encravamento que apenas permite a sua abertura após uma temporização, para garantir a descarga completa dos condensadores, com o objectivo de garantir a segurança do operador.

2. ENCRAVAMENTOS MECÂNICOS

Os encravamentos mecânicos podem ser pré-construídos num equipamento, como é o caso das facas principais e as facas de terra dos seccionadores, ou realizados com um jogo de fechaduras e chaves (ver Figuras 1 e 2), que ficam prisioneiras (impedindo assim a manobra de um outro equipamento, que requer, para a sua manobra a chave que está prisioneira num determinado equipamento) ou são libertas (o que permite realizar a manobra de um outro equipamento, que requer, para a sua manobra a chave que fica liberta num determinado equipamento).

Este último tipo de encravamentos mecânicos é estabelecido de acordo com o estado de aberto-fechado do equipamento, tendo em vista as manobras que é necessário realizar.

Figura 1 – Diagrama de encravamento por chaves

Figura 2 – Fechadura e chaves de encravamento

3. ENCRAVAMENTOS ELÉCTRICOS

Os encravamentos eléctricos utilizam-se em equipamentos com comando eléctrico e dependendo do tipo de sistema de comando e controlo, podendo ser dos seguintes tipos:

• Por “hardware” – realizados por meio de relés e contactos auxiliares dos equipamentos (Figura 3).

Figura 3 – Encravamento eléctrico entre contactores

• Por “software” – utilizados em sistemas de comando através de PLC (Progamable Logic Controllers), que são parametrizados com recurso a equações de manobra, baseadas na álgebra de Boole, ou a esquemas lógicos. (Figura 4).

Figura 4 – Equação de manobra e esquema lógico

• Por uma combinação de ambos os tipos.

4. ENCRAVAMENTOS ELÉCTRICOS E MECÂNICOS

Nos casos em que os equipamentos permitem a execução de duas manobras que devem estar encravadas entre si, como os seccionadores com facas de terra, em que quer os contactos principais quer os contactos de terra têm comando eléctrico, as manobras de ambos os contactos estão encravadas eléctrica e mecanicamente (encravamento pré-construído).

Na Figura 5 representa-se o esquema de inversão de marcha de um motor com encravamento mecânico (EM) e eléctrico (contactos 31-32 de KM6 e KM5) dos contactores.

Figura 5 – Esquema de inversão do sentido de marcha de um motor com encravamento mecânico e eléctrico dos contactores

5. DESENCRAVAMENTO DAS INSTALAÇÕES

Em certas circunstâncias, dependendo dos trabalhos a realizar, alguns daqueles encravamentos podem ser anulados. Neste caso, antes de colocar a instalação em serviço, os referidos encravamentos devem ser repostos.

Os encravamentos instituídos só podem ser anulados por pessoal devidamente autorizado para o efeito:

• Encravamentos eléctricos por “hardware”: por meio de comutadores de chave, só acessível a pessoal autorizado.
• Encravamentos eléctricos “por software”: por meio de “palavra chave”, permitindo o acesso ao desencravamento apenas a pessoal autorizado.
• Encravamentos mecânicos por fechadura e chaves: por meio de uma chave mestra, só acessível a pessoal autorizado.

*O Autor não utiliza o Novo Acordo Ortográfico.