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Eólicas vão poder acoplar centrais solares

Publicado: 10 de abril de 2019 Categoria: Notícias do sector

Governo quer aproveitar a rede elétrica existente para receber energia fotovoltaica nos períodos em que não há vento

Eólicas vão poder acoplar centrais solares

Governo quer fomentar em Portugal projetos híbridos de energia eólica e solar, aproveitando a rede elétrica existente para maximizar o aproveitamento de fontes renováveis. O ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, admitiu ao Expresso que o objetivo é criar o enquadramento jurídico necessário para licenciar esses projetos ainda antes das eleições legislativas deste ano.

A meta é, portanto, legislar sobre os projetos híbridos até outubro. “Tudo faremos nesse sentido”, declarou o governante, à margem da conferência anual da associação eólica europeia, a Wind Europe, realizada esta semana em Bilbau, Espanha.

A combinação do vento e do sol é uma possibilidade que interessa sobretudo às empresas de energia eólica que já têm parques ligados à rede elétrica. Como a produção a partir do vento é intermitente, várias empresas estão a olhar com interesse para a possibilidade de construírem centrais fotovoltaicas nas imediações dos parques eólicos de que são proprietárias, aproveitando os pontos de injeção disponíveis para colocar energia solar na rede.

Este cenário permitiria aos produtores eólicos compensar períodos de menor utilização dos parques (nomeadamente durante o dia) com eletricidade de origem solar, sem sobrecarregar a rede elétrica. No entanto, não é claro, para já, como seria remunerada essa energia renovável adicional (os produtores poderiam estabelecer no mercado contratos bilaterais com comercializadores de eletricidade, ou receber tarifas garantidas de venda à rede por via de leilões organizados pelo Estado).

A EDP, que tem 24% da capacidade de produção eólica em Portugal, quer avançar com estes projetos. “Temos feito a análise em vários países e temos interesse nessa solução”, disse ao Expresso Duarte Bello, administrador da EDP Renováveis responsável pelas operações na Europa e no Brasil, durante a conferência da Wind Europe, onde foi falar da experiência do grupo nas eólicas offshore. “A capacidade de ligação à rede é custosa. Aproveitar a rede que já existe é uma boa opção”, acrescentou, admitindo que por cada 100 megawatts (MW) eólicos instalados é possível construir entre 60 e 70 MW fotovoltaicos.

Mas Portugal apresenta um desafio. É que grande parte dos parques eólicos estão instalados em montes e áreas acidentadas, sobretudo no Centro e Norte do país, onde nem a radiação nem o relevo do terreno são tão favoráveis à instalação de centrais solares como é, por exemplo, o Alentejo.

A EDP, todavia, não é o único operador interessado. A Finerge, que tem 17% da capacidade eólica instalada em Portugal, também vê com bons olhos o investimento em centrais solares junto aos seus parques eólicos. “O tema é de interesse nacional. É uma forma de aumentar capacidade instalada sem sobrecarregar a rede, otimizando a infraestrutura já existente”, declarou o presidente-executivo da Finerge, Pedro Norton, ao Expresso.

O reduzido custo da tecnologia colocou a energia solar num patamar ainda mais competitivo do que a eletricidade eólica, alimentando um forte apetite de diversos investidores por centrais solares de larga escala.

Vários grupos que ao longo da última década concentraram os seus investimentos nas eólicas estão agora particularmente interessados em explorar o filão fotovoltaico. E o facto de os seus parques eólicos lhes proporcionarem receitas e dividendos estáveis ao longo de vários anos poderá dar-lhes a solidez financeira necessária para avançarem agora com projetos solares. 
Isto não significa que essas empresas de energias renováveis larguem as eólicas. Na verdade, vários operadores com parques mais antigos estão a redesenhar os seus empreendimentos, para substituir um conjunto de aerogeradores de menor potência por um número menor de turbinas mais potentes. Este repowering, como é conhecido no sector, é feito sem aumentar a potência de ligação à rede. Ao ter menos aerogeradores mas mais potentes, um promotor pode ter torres mais altas e pás maiores, produzindo mais energia.

O ministro do Ambiente acredita que estes projetos serão uma das vias para cumprir as metas de energia eólica para 2030. “No vento temos 5 gigawatts (GW) e queremos chegar aos 8 GW”, lembra Matos Fernandes.

 

FONTE: EXPRESSO

AUTOR: Miguel Prado