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Os novos armários ITED — Parte II

Publicado: 22 de fevereiro de 2018 Categoria: Artigos sobre produtos

O presente artigo visa caracterizar os armários de telecomunicações ITUR decorrentes da aplicação da recente alteração legislativa verificada no sector das comunicações electrónicas em Portugal.

Os novos armários ITED — Parte II

1INTRODUÇÃO

O Decreto-Lei N.º 123/2009, de 21 de Maio, com a redacção conferida pelo Decreto-Lei N.º 258/2009 de 25 de Setembro, veio definir um conjunto de obrigações ao nível do projecto, com o objectivo de garantir a realização de infra-estruturas de comunicações electrónicas, abertas aos diversos operadores e capazes de assegurar os serviços disponibilizados pelos mesmos.

Nesse sentido, o capítulo V do Decreto-Lei N.º 123/2009, de 21 de Maio, estabeleceu o regime de instalação das Infra-estruturas de Telecomunicações em Loteamentos, Urbanizações e Conjuntos de Edifícios (ITUR) e respectivas ligações às redes públicas de comunicações electrónicas, bem como o regime de avaliação de conformidade de equipamentos, materiais e infra-estruturas.

Posteriormente, a primeira edição do Manual ITUR veio determinar as especificações técnicas aplicáveis a este tipo de infra-estruturas, criando uma clara distinção entre:

› Projecto de ITUR pública;

› Projecto de ITUR privada.

No caso das ITUR públicas, é necessário o dimensionamento da rede de tubagens e câmaras de visita para a instalação dos diversos cabos, equipamentos e dispositivos. Nas ITUR privadas, além do referido para as ITUR públicas, é também obrigatório o dimensionamento e a posterior instalação da cablagem par de cobre, cabo coaxial e fibra óptica, bem como das instalações eléctricas de suporte a equipamentos e sistemas de terras.

O diploma define, claramente, uma fronteira entre as ITUR públicas e as ITUR privadas e, complementarmente, determina, nas ITUR privadas, a existência de um ponto de acesso e derivação para cada rede colectiva dos diversos edifícios, por parte dos diferentes Operadores. Esse ponto, que deverá estar interligado com a rede de tubagens da urbanização, é designado por Armário de Telecomunicações de Urbanizações (ATU) e o seu dimensionamento é da inteira responsabilidade do projectista ITUR.

O presente artigo visa caracterizar os armários de telecomunicações ITUR decorrentes da aplicação da recente alteração legislativa verificada no sector das comunicações electrónicas em Portugal.

2CONSTITUIÇÃO DO ARMÁRIO DE TELECOMUNICAÇÕES DE URBANIZAÇÕES (ATU)

O Armário de Telecomunicações de Urbanizações (ATU) é o ponto de interligação das redes públicas de comunicações electrónicas, com as redes de cabos da ITUR privada, sendo, ainda, o ponto de interligação com

a rede colectiva dos edifícios no ATE, ou CEMU, no caso de moradias, caso não exista uma rede privada.

O ATU deve ser um espaço que possa albergar as três tecnologias de telecomunicações previstas no manual ITUR, nomeadamente a tecnologia de:

› Par de cobre;

› Cabo Coaxial;

› Fibra óptica.

Para cada uma das tecnologias deverá existir um Repartidor de Urbanização (RU) individual, constituído por dois primários por tecnologia, cujo dimensionamento e instalação é da responsabilidade da entidade que ligar a rede de cabos das ITUR à rede pública de comunicações electrónicas, e por um secundário por tecnologia, onde se inicia a rede de cabos da ITUR.

Conforme designado no Manual ITUR, para cada uma das tecnologias anteriormente referidas existirá um RU que, basicamente terá as seguintes funções:

Repartidor de Urbanização de Par de Cobre (RU-PC)

Primário, cujo dimensionamento e instalação é da responsabilidade da entidade que ligar a rede de cabos da ITUR à rede pública de comunicações electrónicas. Poderá ser constituído, por exemplo, por régua de derivação de cravamento simples;

Secundário, onde termina a rede de cabos da ITUR. Será constituído por réguas de cravamento simples de categoria 3, como mínimo.

Sempre que o RU-PC for instalado em bastidores ou mini-bastidores, deve ser apresentado um desenho de pormenor.

Repartidor de Urbanização de Cabo Coaxial (RU-CC)

Primário, cujo dimensionamento e instalação é da responsabilidade da entidade que ligar a rede de cabos da ITUR à rede pública de comunicações electrónicas.

Poderá ser constituído, por exemplo, por conversor electro-óptico e/ou um amplificador;

Secundário, onde se inicia a rede de cabos coaxiais CATV da ITUR, com topologia a definir pelo projectista.

Poderá, ainda, existir um segundo RU-CC associado ao sistema de recepção de MATV ou SMATV.

Repartidor de Urbanização de Fibra Óptica (RU-FO)

Primário, cujo dimensionamento e instalação é da responsabilidade da entidade que ligar a rede de cabos da ITUR à rede pública de comunicações electrónicas.

Poderá ser constituído, por exemplo, por um painel de adaptadores do tipo SC/APC;

Secundário, onde se inicia a rede de cabos de fibras ópticas da ITUR. A rede deve obedecer à topologia em estrela com recurso, por exemplo, a cabos multi- fibras. As fibras são terminadas em conectores SC/APC ligados em painéis

de adaptadores.

Como o ATU pode conter equipamentos activos, há a necessidade de existirem circuitos de alimentação eléctrica, nomeadamente 2 circuitos de 230 VAC, com 3 tomadas cada, protegidos por um disjuntor diferencial com um valor de sensibilidade não superior a 300 mA e ligados ao circuito de terra do ATU. O barramento geral de terra do ATU deverá ter capacidade para ligar, pelo menos 10 condutores de terra.

Sendo possível verificar-se a dissipação de calor e consequente aquecimento do ATU, devido à existência de equipamentos activos, é necessário garantir a dissipação do calor nos mesmos, preferencialmente por convecção ou, caso não seja suficiente, através de ventilação forçada, fazendo-se uso dos circuitos de alimentação eléctrica já existentes no ATU. Cabe, assim, ao projectista a tomada de decisão sobre a forma de ventilação, de modo o garantir a correcta exploração do armário.

3CARACTERIZAÇÃO DO ARMÁRIO DE TELECOMUNICAÇÕES DE URBANIZAÇÕES (ATU)

O tipo e a dimensão do ATU, deverá ser definida pelo projectista, tendo em consideração as dimensões da ITUR.

Relativamente ao tipo, os ATU, poderão ser:

› Armários Exteriores;

› Armários Bastidores;

› Salas Técnicas.

Em qualquer das situações, por razões de segurança, o acesso ao ATU deve ser condicionado por porta com fechadura normalizada do tipo RITA.

Quando o ATU é instalado no exterior, por motivos funcionais e de segurança, este deve garantir índices de protecção adequados às influências externas, nomeadamente a protecção contra a penetração de corpos sólidos menores que 1 mm, a protecção contra a entrada de água projectada, e características mecânicas que permitam a resistência à compressão de 1250 N e 6 J de resistência ao choque.

O ATU deverá ser fabricado com material auto- extinguível, resistente aos agentes químicos à corrosão e aos raios ultra-violeta, em conformidade com a norma CEI 604395.

A Figura 1 ilustra o aspecto exterior de uma possível solução técnica para um ATU.

Figura 1 . Armário de telecomunicações de urbanização [cortesia Vidropol].

Relativamente ao dimensionamento do ATU, o projectista pode considerar como referência a consideração de uma volumetria com 600 x 300 x 2200 mm (largura x profundidade x altura), por operador.

Quando o ATU ficar alojado numa sala técnica, esta deverá ter as dimensões mínimas especificadas na Tabela 1, sendo que a altura mínima da referida sala será de 2,7 m.

Tabela 1 . Dimensões das Salas Técnicas [Adaptado Manual ITUR].

As salas técnicas que servirão de espaço de telecomunicações com capacidade para alojamento de equipamentos e dispositivos de interligação de cabos deverão também albergar os repartidores das diferentes tecnologias de telecomunicações.

Não existe, pois, uma única solução física para definir o ponto de interligação que delimita a fronteira entre uma rede pública e privada.

A caracterização do ATU e as suas respectivas valências serão da competência exclusiva do projectista, o qual deverá estar perfeitamente identificado com as necessidades das comunicações electrónicas exigidas para o loteamento em questão, bem como pelo estrito cumprimento do estabelecido no Manual de Infra-estruturas de Telecomunicações em Urbanizações.

4CONCLUSÕES

Com a elaboração do presente artigo visou-se contribuir, embora de uma forma muito sucinta, para o enriquecimento do conhecimento e das competências no âmbito do projecto, em geral, de Infra-estruturas de Telecomunicações em Urbanizações e, em particular do Armário de Telecomunicações de Urbanização, à luz do novo enquadramento criado pela 1.ª Edição do Manual de Infra-estruturas de Telecomunicações em Urbanizações, não dispensado, naturalmente, uma consulta detalhada e rigorosa do documento integral.

António Gomes, Roque Brandão, Sérgio Ramos
Departamento de Engenharia Electrotécnica
Instituto Superior de Engenharia do Porto