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TDT: implementação fácil? A primeira abordagem

Publicado: 5 de maio de 2009 Categoria: Notícias do sector

HDTV, DVB-T, HDMI 1.3, MPEG-4, Multiplex, Gap Filler, TDT, Simulcast, DAT... Terminologias que, com maior ou menor dificuldade, entrarão no vocabulário do telespectador português. São termos e acrónimos directamente ligados à Televisão Digital Terrestre, tecnologia que, finalmente, em 2009 (Maio?) estará disponível no éter português. Como ultimo país da Comunidade Europeia a disponibilizar o serviço de televisão digital terrestre (TDT) partimos atrasados para a meta definida ao nível das instâncias comunitárias: Ano de 2012 - Switch off. Ou seja passado o 2012 não poderão continuar a existir emissões analógicas de TV em território europeu.

TDT: implementação fácil?  A primeira abordagem

Partimos atrasados, outros começaram bem mais cedo do que nós. Em Espanha estas emissões iniciaram-se em 1999, e 2009 será já ano de switch-off para algumas regiões. Switch-off significa apagão total e definitivo de emissões analógicas que cubram determinada região ou comunidade. Significa o fim da simultaneidade de emissões analógicas e digitais – Simulcast - , significa que toda ( 100% ) uma comunidade está coberta pelas emissões Digitais Terrestres e que tem à sua disponibilidade, no mercado, os equipamentos necessários para poder usufruir de um sistema de recepção Digital Terrestre.

Partimos atrasados, não porque na altura da primeira partida, falsa como claramente se viu, não houvesse tecnologia disponível como na altura se argumentou, mas sim porque estrategicamente se entendeu beneficiar a televisão por assinatura, Cabo e Satélite DTH, havia que amortizar o tremendo gasto financeiro originado sobretudo pela expansão da rede de cabo em todo o território nacional e só havia uma forma: cativar assinantes, fosse de que forma fosse! Quantos assinantes não existem neste momento que apenas o são porque desejaram ter acesso aos 4 canais livres (C1, RTP2, TVI e SIC) e acabaram comprometidos com um operador (Satélite) só porque na sua localidade remota não conseguem captar convenientemente as emissões analógicas e a alternativa foi adesão ao pacote mínimo de um operador de satélite. Outros vivem nos grandes centros em edifícios cujos empreendedores acertaram com os Operadores, sobretudo de Cabo, negócios vantajosos para ambas as entidades esquecendo-se claramente de salvaguardar o direito de opção e decisão, a que legalmente um condómino tem acesso: Que serviço pagar e a quem?

Refiro-me claramente a todos aqueles Edi¬fícios projectados e construídos desde 2000 que deveriam possuir instalações colectivas de televisão (Decreto Lei 59/2000) e que por forte e agressiva intervenção comercial por parte dos Operadores, por um lado, e sobretudo por ignorância quanto à lei por parte dos Empreendedores, não possuem dita infra-estrutura colectiva. Podemos definir estes edifícios como “Tecnologicamente Hipotecados”, apesar de terem sido construídos em plena Era das comunicações e serviços facilitados dentro do Lar. A não ser que as Assembleias de Condóminos procedam às inevitáveis obras de adaptação para instalação de um sistema de recepção e distribuição de sinal colectivo de televisão, a expensas próprias, passaremos a ver apartamentos de quinhentos mil a um milhão de euros, com antenas DAT (Digital Antena Terrestre) nas janelas e varandas!

Antena DAT

Com mais facilidade se adaptarão à recepção colectiva da Televisão Digital Terrestre edifícios com 15 e 20 anos, surgidos no boom da recepção satélite, tempo em que qualquer edifício era concebido com um sistema colectivo de TV, bastando futuramente fazer o necessário upgrade de equipamento de recepção e amplificação, alteração da Antena, trocar a cablagem coaxial colectiva e sem necessidade de execução de qualquer tipo de obra civil o prédio ficará com disponibilidade das futuras emissões digitais terrestres.

Temos vantagem em ser os últimos a arrancar para a corrida do digital terrestre. O modo de compressão utilizado nas emissões será o MPEG-4 e não o MPEG-2. Consegue-se com o MPEG-4, melhor definição nas imagens a transmitir, aparecerão com facilidade programas em Alta Definição (HDTV), áudio multi-pista (diversos idiomas, programas de rádio, …), áudio Dolby Digital 5-1, conseguindo-se ainda colocar um maior número de programas de definição standard (SDTV) no espaço reservado a cada multiplexer (8 MHz em UHF).

Os consumidores já começaram a adquirir ecrãs planos (TFT e Plasmas), alguns mesmo já com tuner digital terrestre incorporado. Acontece, quase seguramente, que esse tuner não é compatível com as futuras emissões MPEG-4, mas sim com as actuais MPEG-2 existentes em toda a Europa. Será necessária a aquisição de um Receptor Digital Terrestre compatível MPEG-4, a instalar entre a tomada de TV e o Ecrã. Muitos e vários tipos de receptores serão colocados no mercado à disposição do consumidor, cabendo a este seleccionar as funcionalidades e características que melhor forem ao encontro das suas necessidades e expectativas.

A emissão em rede de frequência única, no território continental, para cada um dos Multiplexers (A a F) garantirá, a seguir ao Switch Off, uma organização mais eficiente do espectro de radiofrequência, em UHF do que ocorre agora neste momento com a difusão das emissões analógicas. Pela tabela 1 verificamos que, por exemplo, o Multiplexer A ao qual estarão associadas as emissões livres do C1, TV2, SIC e TVI, complementadas por mais três canais em formato SDTV ou um em formato HDTV, será transmitido em Canal 67, independentemente do posto emissor.

Numa análise pormenorizada aos canais de emissão associados a cada um dos Multiplexers verifica-se que será na parte alta de BV que essas transmissões se efectuarão (canal 47 o mais baixo – Ilha de S. Jorge e 69 o mais elevado), faz então todo o sentido que a antena de recepção esteja optimizada a essa banda, e que, como se torna exigível numa recepção digital essa mesma antena apresente imunidade aos ruídos impulsivos, sendo o respectivo dipolo integralmente blindado.

Um outro pormenor bastante importante para a recepção de sinais digitais terrestres, em redes de frequência única, prende-se com a directividade da antena. Em muitas zonas do continente a influência simultânea de diversos centros emissores, com a mesma frequência de emissão, (não esquecer) obrigará o instalador a seleccionar criteriosamente o emissor que melhor assegura uma recepção digital de qualidade e estável. Nestas situações nem sempre a direcção mais evidente é a que prevalece, sobretudo porque nestes casos a influência de mais do que um emissor numa determinada zona provoca o chamado efeito de ECO, fenómeno que pode produzir efeitos destrutivos e não construtivos do sinal a receber. Só recorrendo a um Medidor de Campo que permita a análise de Ecos é que se conseguirá uma orientação optimizada da antena.

Mesmo na tecnologia digital haverá um país a várias velocidades. O operador vencedor tem 3 anos para cobrir 99% da população. Do caderno de encargos podem-se estimar os respectivos prazos indexados às capitais de distrito e assim ter uma ideia aproximada do que acontecerá no pior dos cenários.

  • Estes dados são uma estimativa responsabilidade do autor e em nada comprometem o operador vencedor do concurso para a TDT portuguesa.

Com base nesta estimativa já podemos prever que muitas populações tardarão em ser servidas pela TDT gerando-se nos habitantes um sentimento de ansiedade próprio de quem deseja ter acesso a novos conteúdos de TV. Para estes o operador terá que criar micro-coberturas utilizando a tecnologia GAP FILLER já aplicada noutros países. Trata-se de pequenos sites de reemissão, de baixa potência, geralmente colocados em pontos elevados e cujo raio de acção e ângulo de cobertura abrangem todos os lares de uma determinada área. A frequência de reemissão é a mesma de entrada, ou seja, o canal associado ao Multiplexer mantém-se.

GAPFILLER

Muito haverá para falar sobre a TDT e seguramente será um tema de actualidade nos próximos anos, justificando-se claramente futuras abordagens nesta publicação. As vantagens do digital são imensas e ninguém as coloca em causa, no entanto nunca nos devemos esquecer do seguinte:

Enquanto o meu vizinho acompanhar o jogo de futebol no seu velhinho rádio ele gritará “golo” primeiro do que eu que sou servido por uma futurista emissão digital de TV e nesse instante, para mim, a bola ainda está no meio campo!


AUTOR: Luís Peixoto